'Totalmente demais': trama clássica e grade diferente
Com a mocinha fazendo sua escolha entre os dois príncipes que disputaram seu coração por muitos e muitos capítulos, “Totalmente demais” chega ao fim amanhã. Ao encerrar a novela numa segunda-feira, a Globo rompe uma tradição ancestral. Isso já aconteceu — com “Estúpido cupido” nos anos 1970 —, mas, ainda assim, trata-se de uma guinada surpreendente.
A emissora justificou dizendo que quis evitar exibir o último capítulo na sexta, logo depois de Corpus Christi. Como se sabe, a audiência dos feriados é historicamente mais baixa. Havia ainda a coincidência com a data de lançamento de “Escrava mãe”, na Record, embora ninguém admita que isso tivesse pesado na decisão. O fato é que “Totalmente demais” foi o programa da Globo mais visto no Rio e em São Paulo na semana de 9 a 15 de maio, segundo o Ibope. Passou a frente da novela das 21h nas duas praças. Não é pouco.
Tudo isso foi ainda uma rasteira na ideia de que “televisão é hábito”. Há tempos que esse princípio vem se esvaziando. Certas práticas clássicas, como a reprise do último capítulo, já perderam o sentido. Afinal, para quem quer rever, há a internet (aqui, o próprio Globoplay). Existe tecnologia que permite ao freguês assistir à novela no horário que mais lhe convier. “Totalmente demais” será reapresentada à tarde, na terça-feira. Ou seja, num horário diferente, que tem outro público. É um sinal de que nem a Globo vê valor nessa reprise.
Vários fatores felizes colaboraram para que a novela de Rosane Svartman e Paulo Halm fosse um sucesso. Os autores acertaram o espectador com uma história clássica e bem contada. A escalação de Marina Ruy Barbosa, Felipe Simas e Fábio Assunção, atores do maior talento e carisma, foi outro achado. O núcleo de Malu Galli e Aílton Graça esteve atraente, em parte impulsionado pela alegria e espontaneidade do elenco jovem que circulou ali. A direção de Luiz Henrique Rios, aliás, soube aproveitar bem essa naturalidade. Só a personagem de Juliana Paes, Carolina, não emplacou, mas sua presença acabou suavemente diminuída, sem traumas. “Totalmente demais” mereceu o êxito que teve.
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